O Gabinete do Doutor Caligari: distorções da realidade
- JORGE MARIN
- 26 de out. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de fev. de 2022
O Gabinete do Dr. Caligari é considerado a uma obra-prima do Expressionismo Alemão. Filmado em 1920, a ação se passa em diversos cenários bizarros que são projeções bidimensionais de rascunhos surrealistas, com paredes tortas, portas pontiagudas e escadas intermináveis. O cenógrafo Hermann Warm não aparece nos créditos.
No início do filme, o protagonista Francis (Frederich Feher) conta reminiscências assustadoras para um homem idoso que se diz atormentado por fantasmas. A história é mostrada através de flashbacks ocorridos na cidade alemã de Holstenwall, igualmente recriada em cenários pontiagudos e irregulares.
Uma feira de variedades está sendo realizada naquele local e, entre as diversas atrações, um homem chamado Dr. Caligari (Werner Krauss) anuncia a apresentação do sonâmbulo, um jovem que está dormindo desde o seu nascimento, há 23 anos. Deitado em um caixão, Cesare (Conrad Veidt) irá despertar e responder a qualquer pergunta do público.
De forma provocativa, Alan (Hans Heinz von Twardowski), um amigo de Francis pergunta quando irá morrer. A resposta de Cesare (“à primeira hora da manhã”) é aterrorizante e profética, pois o moço realmente morre. Desconfiado, Francis vigia o caixão do sonâmbulo. No entanto, sua noiva Jane (Li Dagover) é raptada na manhã seguinte.
Algumas pessoas veem Cesare carregando a moça inconsciente em seus braços e o perseguem. Francis denuncia Caligari para a polícia, mas ele foge, seguido pelo rapaz, até se esconder num hospital de doentes mentais, onde ele é nada mais nada menos do que o diretor.
Ajudado pela equipe de médicos e pela polícia, Francis descobre um antigo manuscrito e o diário do diretor, no qual ele descreve a sua longa espera por um sonâmbulo para poder colocá-lo sob o seu comando e cometer uma série de assassinatos.
Quando Francis acaba de contar ao seu interlocutor sobre a prisão do médico louco, percebemos que a ambiguidade mostrada pelo diretor Robert Wiene não se restringia ao cenário, mas o próprio enredo sofre algumas distorções finais que tornam o filme ainda mais apavorante.

Comments